Hipertensão arterial pulmonar
A
HAP é definida hemodinamicamente por uma pressão arterial pulmonar média ≥ 25
mmHg em repouso ou > 30 mmHg durante o exercício (GAINE et al., 1998; GUAZZI et al., 2010; HUMBERT; SITBON; et al., 2004). Na HAP, devido ao aumento
progressivo da resistência vascular pulmonar, o sangue não consegue fluir bem
pelos pulmões e se acumula, sobrecarregando o coração. Isso pode resultar em um
maior esforço do ventrículo direito, que a longo prazo pode desenvolver uma
insuficiência, provocando a morte súbita do paciente (GUAZZI et al., 2010). As causas para o aumento da pressão arterial
pulmonar e para a insuficiência ventricular direita estão diretamente
relacionadas ao remodelamento dos miócitos vasculares e ventriculares,
respectivamente, em resposta à injúria e estresse tecidual promovidas durante a
HAP (GAINE et al., 1998; HUMBERT; SITBON; et al., 2004).
A
HAP é uma doença progressiva sendo originária por diversos fatores que são
associados a um péssimo prognóstico e leva a uma disfunção do coração direito.
É estimado que aproximadamente 100 milhões de pessoas em todo o mundo sejam
portadoras da doença (SCHERMULY et al., 2011). De acordo com a classificação atual, acordada no 4º
Congresso Mundial de Hipertensão Pulmonar em 2008, Dana Point, CA, EUA, existem
5 categorias para o estágio crônico da doença (SCHERMULY et al., 2011):
·
Grupo
01: Hipertensão arterial pulmonar:
ü
HAPI
- Idiopática;
ü
HAPF
- familiar ou hereditária;
ü
Induzida
por drogas ou toxinas;
ü
Associada
a doenças, como o HIV ou esquistossomose;
ü
Persistente
em neonato.
·
Grupo
02: Resultante de doença do coração esquerdo;
·
Grupo
03: Ocasionada por hipóxia alvoelar ou desordens respiratórias;
·
Grupo
04: Associada a doença trombótica ou embólica;
·
Grupo
05: Associada a mecanismos desconhecidos, causa multifatorial.
A HAP é caracterizada por excessiva
vasoconstrição pulmonar e um anormal remodelamento vascular que afetam as
camadas/túnicas dos vasos (íntima, média e adventícia) como mostra a figura 3.
O diâmetro vascular diminui, aumentando a pressão e contribuindo para um maior
esforço do ventrículo direito. Estas mudanças incluem uma disfunção endotelial,
proliferação de células musculares lisas, obstrução do lúmen vascular,
proliferação de fibroblastos, dentre outros aspectos que compõem a
fisiopatologia da doença. Essas mudanças estruturais sugerem que a HAP se
caracteriza por um estágio proliferativo em que ocorre um desequilíbrio entre
mitogênese e a apoptose (OPITZ et al., 2008).
A intensa vasoconstricção na HAP tem sido
relacionada às anormalidades na função ou expressão dos canais de Na+,
Ca2+ e K+, bem como à disfunção endotelial (JEFFERY et al., 2002). A disfunção endotelial
leva à produção inadequada de fatores vasodilatadores como o óxido nítrico (NO)
e prostaciclina (PGI2), juntamente com liberação aumentada de vasoconstrictores
como a endotelina-1 (ET-1), o que pode afetar não somente o tônus vascular, mas
também pode promover o remodelamento vascular (JEFFERY et al., 2002).
Atualmente, não existe cura para a doença
e há pouca evidência dos benefícios advindos dos tratamentos disponíveis. Os
tratamentos mais usados são anticoagulantes para as alterações trombóticas,
diuréticos quando há insuficiência cardíaca direita; oxigenoterapia com uso de
aparelho adequado; bloqueadores de canais de cálcio, que aumentam a sobrevida
dos pacientes que respondem a esse medicamento, mas estes representam menos de
10% das pessoas com HAP (HUMBERT; MORRELL; et al., 2004). Análogos da prostaglandina I2 ou prostaciclina (PGI2) são
bastante utilizados, porém apresentam várias complicações devido à via de
administração utilizada (HUMBERT; SITBON; et al., 2004). Antagonista dos receptores de endotelina tem sido bastante
utilizados, já que foi observado que pacientes com HAP possuem níveis elevados
do agonista endógeno, sendo um potente vasoconstritor produzido pelas células
endoteliais. No entanto, alguns destes fármacos provocam alterações hepáticas
como aumento dos níveis de aminotransferases e hepatite aguda, necessitando de
contínuo monitoramento da função hepática dos pacientes.
Tem
sido bastante mencionado o uso de citrato de sildenafila, um inibidor de
fosfodiesterase 5 (PDE5) (enzima que induz a degradação do GMPc) no tratamento
de pacientes com HAP. Vários estudos demonstram melhora dos sintomas, da
capacidade funcional e dos parâmetros hemodinâmicos em pacientes com HAP com o
uso de sildenafila, tanto em monoterapia quanto em associação com outros
medicamentos, evitando ainda o efeito rebote com a retirada da terapia com o NO
(WANNMACHER, 2006).
Um
dos novos alvos biológicos é o óxido nítrico (NO), um vasodilatador endógeno
produzido pelo endotélio que relaxa diretamente o músculo liso vascular através
da ativação da guanilato ciclase solúvel, enzima que produz monofosfato cíclico
de guanosina (GMPc). Porém, alguns estudos demonstram instabilidade
cardiovascular com a interrupção do tratamento (HUMBERT; SITBON; et al., 2004). A L-arginina, o substrato para a produção do NO também já mostrou
resultados benéficos em pacientes com HAP (HUMBERT; MORRELL; et al., 2004).
Portanto,
por não existir ainda um tratamento ideal, a busca por novas terapias continua
sendo de grande importância. Várias são as substâncias de origem natural que
vem sendo estudadas como forma de entender cada vez mais os mecanismos
envolvidos na fisiopatologia das doenças e assim poder desenvolver fitoterapicos
eficazes, melhorando a qualidade de vida das populações.
A
HAP é uma doença que ocorre principalmente devido a estresses oxidativos,
inflamação, vasoconstricção, remodelamento vascular e disfunção endotelial e
estudos mostram que o açaí (EEO) é capaz de prevenir e agir sobre estes
aspectos de forma a melhorar o quadro crônico de doenças que apresentam essas
características fisiopatológicas, podendo levar a um melhor prognóstico do
paciente.
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